sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Quando A Emenda Sai Melhor Que O Soneto

Diferente do que o título pode sub-sugerir, Lincoln (EUA - 2012) não é uma cinebiografia do famoso presidente norte-americano, mas um recorte de sua vida, centrado no evento maior de sua participação na história daquela que viria a ser a "maior nação do século XX", segundo entendimento de alguns: a abolição da escravatura, via 13ª Emenda na Constituição.


A obra é consoante à filmografia de Spielberg, que tem um compromisso dividido entre seus prazeres cinéfilos, sua causa judaica e seu dever cívico.

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Diferente de suas grandes obras, onde a temática mais universal transcende as fronteiras dos EUA, aqui o assunto é mais doméstico, extremamente doméstico. Tão doméstico que boa parte do filme é a situação familiar que o núcleo Lincoln se encontra.
E é aí que seu discurso passa a ser universal.

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Sendo trabalhado dentro de um gabarito estético, as sutilezas e a verossimilhança dos diálogos - aliado ao fato de que todos os personagens tem uma frase de efeito, um quê de dizer algo que não seja indigesto ou etéreo - fazem das duas horas e meia um prazer intelectual, tangenciando de leve o elemento emocional, por vezes atrapalhada pela própria trilha sonora, supérflua e superdimensionada para um personagem tão caipira, tão humano, tão eu, tão você.

Indicado a: curiosos pela história da humanidade, políticos, socialistas, engajados sociais, humanistas, fãs do Spielberg mesmo em obras como Munique e Amistad.

Contra-indicado a: quem espera algo além do cinema "o cara era bem legal, pena que morre no final".

Para saber tudo: http://www.imdb.com/title/tt0443272

2 comentários:

  1. Você pegou o ponto fraco do Spielberg: as trilhas sonoras, ora grandiloquentes demais, ora sub-utilizadas no contexto. É um dos poucos itens onde ele erra a mão. Mas revi A Cor Púrpura dias atrás e não há como negar que ali a música tem papel de extrema relevância. E o filme não envelheceu nem um pouco. A não ser pela Whoopi Goldberg magrinha, quase não se nota quanto tempo já passou...

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    1. Notoriamente, Sergio, A Cor Púrpura é o caso raro de Spielberg não contar com seu companheiro John Williams na batuta. Ali ele designou Quincy Jones - por razões temáticas ao universo narrado...

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