sexta-feira, 10 de maio de 2013

Um Cine Por Adultos, Pelos Adultos, Para Adultos


Muitas vezes a proposta de um realizador se enquadra com a expectativa do espectador.

Essa talvez seja a melhor maneira de se ver qual é, realmente, o negócio do cinema enquanto... negócio!

Esse pensamento me ocorreu no exato instante em que me pus a discorrer sobre 2 + 2 (Dos más dos – Argentina – 2012) – uma comédia sem ser comédia, um drama sem ser tragédia, uma pornochanchada sem o ser.

Um filme a se pensar a se ter prazer.

Um filme sem muitos pares.

Enquanto recorte de dois pares de vidas, a narrativa da película, se ancora num roteiro que, se não rompe com a clássica narrativa, se envolve e se entorce nela, com pontas de linha muito bem definidas nos atores/personagens que dão, literalmente, vida a um assunto tão íntimo e intimista quanto à vida sexual que cada um tem em si, mesmo que compartilhando com outro.

Mesmo que compartilhando com outros.

Mesmo que, se seu coração emocional está num estado estável, e você é um cirurgião-cardíaco, não consegue dar conta ao coração de quem você ama e por quem é amado.

(Curiosamente as analogias e semiologias inerentes à obra só me foram claras após uma despretenciosa reflexão sobre o filme, após a exibição)

Me pergunto – inevitavelmente o faço – que água benta esses nossos “hermanos” bebem, para tratar de forma tão adulta, mas com uma mão tão lúdica, assuntos tão básicos e primitivos, como o sexo, ficando à margem do tabu – sem mergulhar nessa fonte, tão arisca e tão evitada em nossos meios de comunicação “abertos”.

Ver e rever, para aprender com a forma de se realizar, com a forma de se entender cinema, com a forma de se entender como ser humano.

Raro momento que um filme consegue ser tantos em tão pouco tempo, com tão pouco à mão, além das infinitas possibilidades da interrelação humana.

Por fim, há um certo prazer em afirmar que cinema é, muitas vezes, como sexo: você pode não gostar de fazer, mas, com certeza, gosta de olhar fazer.

Viver é trocar experiências. É vivenciar o prazer. É descobrir seus limites, através de si, e através de outro.

E aí? Que tal encarar uma troca de expectativas cinematográficas?





Tony Stark Além da Armadura de Ferro


Há duas semanas penso em escrever sobre mais essa aventura do herói tecnológico.
Quanto mais o tempo passa, menos isso me interessa.

Menos eu tenho a dizer sobre um filme de ação hollywoodiano, que já não tenha dito, de forma mais completa e ordinária, do que não tenha sido dito.

Mas me resta a parte maior. A parte humana, pois o que mais me interessa é a figura humana que habita o casulo metálico, sob a forma de uma figura imperfeita, deficiente, incompleta e delimitada.

Eis o grande vilão – e por sua vez o grande valor – de Homem de Ferro 3 (Iron Man 3 – EUA – 2013)!

O resto é falcatrua, como a própria história do filme sugere (ops! Eis um anti-spoiler!)


O recurso, inevitável e irresistível, de se propor a um pretenso herói, enquanto convidado a viver uma aventura, passa exatamente na casa dos desafios de superação. E nada mais difícil e desafiador do que a autosuperação.

Eis o que se leva para casa após se ver um grande filme!

A condição humana, enquanto sina de uma ou de múltiplas vidas, sempre nos sugere o Norte do autoconhecimento. É por aí que se passa qualquer narrativa, em qualquer suporte, enquanto razão de perpetuação de uma história a ser recontada.

Eis o que justifica a existência de histórias!

E entretenimento, velado de passatempo, que disfarça o conteiner de um conteúdo que é muito maior que sua forma, é o que faz, de fato, de Homem de Ferro 3, um grande filme.

E eis o que me faz amar a Sétima Arte!