domingo, 11 de novembro de 2012

Argo - uma Obra-Pronta

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Hollywood fazendo o que de melhor Hollywood sabe fazer

O final de ano começa a apontar o primeiro grande filme a se posicionar junto aos festivais de cinema do início de 2013.
E começa bem. Começa Ben.
Affleck se firma, em definitivo, como um diretor que sabe o que quer, e sabe com quem contar para que sua visão tome a produção correta - contando com a ajuda de amigos. George Clooney não poupou esforços ou dinheiro para fazer esta obra tão atual e tão setentista.

Argo - Ano: 2012 - Direção Ben Affleck - Warner Bros.

A desventura deste grupo que fica preso em território inimigo, aguardando a salvação vir de fora, de alguma autoridade, é de um crescendo de suspense que se apoia numa narrativa dura e precisa, algo quase documental.
Algo não-onírico, mas ainda assim com cores de pesadelo.
A premissa "baseada em fatos reais" é uma parte do tripé que justifica se produzir um filme, se contar e recontar uma história (os outros dois alicerces são "adaptado da obra..." e "o mais original possível") e, como qualquer ótimo filme, deve-se assistir sabendo-se o mínimo possível.
Mas não estranhe se, ao final da projeção, você leve o filme para fora da sala de cinema, buscando trocar impressões sobre os sentimentos que o filme gerou - em quem assiste e nos personagens, todos reais, dentro e fora das telas.
Uma obra que esconde seus pontos fracos na sombra gigante de grandes emoções.
Uma obra para se ver em tela grande - a maior possível, por favor.

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Ainda assim, se quiser saber tudo sobre: http://www.imdb.com/title/tt1024648/ e http://www.br.warnerbros.com/filme-warner/argo

sábado, 3 de novembro de 2012

Frankenweenie

It's Alive... Again!


Photo by Disney – © 2012 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.


Não tem como assistir uma obra assinada por Tim Burton livre de qualquer expectativa. Realmente.
Pensado isso, afirmo convicto que "Frankenweenie" (2012) é uma obra como outra qualquer do cultuado cineasta. "Como outra qualquer" não é desdém, mas recohecimento da personalização visual que ele sempre aplica sobre suas leituras visuais e sonoras em sua filmografia.
Como dissecar tão à parte essa peculiar obra de terror infantil, sem se deixar contaminar por suas obras pregressas?
Ainda mais quando uma obra pregressa já era um original short live-action desta animação stop-motion?
Não tem como aplicar tamanha isonomia - mas isso faz parte de sua proposta artística, ainda mais tendo como parte do público a classe adulta (mesmo sendo animação, a classificação indicativa é de 10 anos). Assumidamente Burton despeja num caldeirão todas as referências sobre filmes-monstro que o influenciaram - a ele a várias gerações.
E eis aí um nó de duas pontas, que constrói um belo laço sobre a desventura de um cãozinho doméstico que tem a sorte de ter, como proprietário, um garoto tão nerd, desesperado e genial a ponto de ter desenvolvido a ciência de reanimar animais mortos.
O evento, que acontece após quase meia hora de filme, é o ponto de partida para uma série de acontecimentos.

O Verbo e a Ciência abrem a Caixa de Pandora


Photo by Disney – © 2012 Disney Enterprises, Inc. All Rights Reserved.

O grande serviço que Frankenweenie presta - assim como todo e qualquer grande filme - é de possibilitar uma camada de leitura mais profunda, onde nosso profundo ser se depara com códigos universais. Aqui, no caso, o que se deve morrer e o que se deve se manter vivo, no real ou nas nossas memórias. A "verdade" como sendo instrumento do potencial mental, a "ciência" como instrumento de se aplacar uma dor, e o "imponderado", o "mistério", quando se utiliza os dois instrumentos anteriores de forma inconsequente.

Frankenweenie é animação no formato mais clássico e artesanal possível.
É em preto-e-branco porque uma boa história não precisa de muito mais do que isso.
É cinema por evocar emoções contando inverdades.
É Disney por conta do final feliz.
E fica o aviso para a turma entre 10 e 12 anos: é filme de terror puro.

...

Behind the scenes (com uma câmera 360° que você faz o enquadramento): http://frankenweenie.yb.nl/release/tim/index.html?language=br


Trailer:

sexta-feira, 8 de junho de 2012

De Onde Viemos Não Devemos Voltar


O universo de Alien talvez um dia tenha uma merecida análise psicanalítica sobre esse monstro, sobre o desconhecido que podemos despertar, por adentrarmos num universo em que não fomos convidados a conhecer.
A não meter a mão naquilo que não se diz respeito. Mesmo quando pensamos ser de direito.
Talvez um alerta, talvez uma constatação de nossa própria natureza humana.
Enfim, o que tenho a dizer sobre o sétimo filme (incluo os dois Aliens x Predator) a abordar o universo concebido primeiramente por Dan O'Banon & Ronald Shusett, aqui escrito por Damon Lindelof & Jon Spaihts, é um recorte emocional e intenso de uma crônica sobre este universo.
Ambientado no mesmo planeta dos filmes de 1979 e 1986, mas num tempo anterior a estes, Prometheus se propõe a não macular a cinessérie. Uma parada difícil, mas que conta com a força do contador de histórias Ridley Scott, com um elenco multi-étnico - tal qual nos outros filmes - e com os efeitos especiais primorosos da Weta.
O foco aqui não está nas criaturas sanguinárias e de sangue ácido, inicialmente, mas na busca pela gênese humana, o que leva uma equipe a visitar um planeta, com condições de vida similares à da Terra, a pesquisar estas informações.
Claro que eles não estavam preparados para encontrar o que os aguardava ali.
Saber mais é não aproveitar o melhor do filme, que é seu próprio mistério.
Mas adianto que onde nada se acrescenta enquanto informação sobre a origem da nossa espécie, também não se acrescenta nada na mitologia da série.
Mas expande horizontalmente, em termos emocionais.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

É Madagascar, mas poderia ser Monte Carlo, Roma, Nova Iorque...


Caminhando no meu próprio contra-senso, preciso dizer que não dá para ver Madagascar 3 desconsiderando seus dois filmes predecessores, por se tratar de uma continuação direta.
Divertido, colorido, engraçadinho e descartável, este segmento é um convite ao desbunde visual que é o 3D. A ponto de eu duvidar se ele funcionaria bem numa tela plana, sem a profundidade do eixo z.
Também constatei que caminho num outro contra-senso: diferente da maioria das pessoas com quem comentei sobre a franquia, até o momento sou o único que gosto (muito!) do episódio 2, ao contrário do que eu eu chamo de fraco filme iniciante (desprezo, na verdade).
Coisas de expectativas e preconceitos, claro.
A narrativa segue com a saga da trupe que, depois de buscar Madagascar no primeiro filme, desde o segundo busca retornar pra casa. Fechando a trilogia, o filme se segura, e muito bem, no comportamento dos velhos personagens, já conhecidos por quem viu os filmes anteriores - ou segue as desventuras dos pinguins na televisão - e também por introduzir novos personagens, circenses, mais próximos da antropoformização do que qualquer outro até então. Mais semelhantes ao público adulto, que é quem tem mais vivência e decepções numa vida do que os aventureiros fugitivos do zoológico.
Ah, sim, não deixe de considerar uma pipoca como companhia e a vibração da criançada como extensão da trilha sonora, se você se arriscar a ver o filme coletivamente, junto do verdadeiro público-alvo desta obra.


Um Voto é Para Sempre


Prefiri renomear o filme "The Vow" - (EUA - 2012) que no Brasil recebeu o genérico título "Para Sempre", para que seja um pouco mais justo com a proposta dos autores, que é contar a dramática - quase trágica - história de um casal que, após sofrer um acidente de carro, passa pela curiosa situação com a esposa ter perdido parte de sua memória. Os últimos 5 anos, mais precisamente - onde 4 destes ela conheceu, se apaixonou e casou com um homem que agora não passa de um estranho. Alguém por quem ela não tem o menos interesse.
Com um aparente início de filme água-com-açúcar, mais-do-mesmo, climazinho-de-amor, o relacionamento do casal vai nos colocando em nossos devidos lugares, que é para dentro de nós mesmos.

A vida, quando inspira a sétima arte, sempre nos recompensa com nossa atenção.
Veja leve, com o coração aberto.

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Um Conto de Fadas Para Guerreiro Nenhum Botar Defeito


Honestamente, o maior problema de "Branca de Neve e o Caçador" (Snow White and The Huntsman - EUA - 2012) é todo mundo já conhecer a história original - ou alguma variação dela - e inevitavelmente ficar comparando com mais esta versão.
O resto - o todo do filme - é muito divertido e... divertido. Podem providenciar as pipocas.
Tenho, como já dito em outros posts, o dever de me empenhar em admirar uma obra de arte - qualquer que seja - por si só. Filha de seu próprio criador. É quase um exercício zen, quase um desafio, quando se tem similares em obras paralelas tão extensas quando se fala de contos-de-fadas.
E nesta obra a coisa acontece tanto no conteúdo como na forma.
Está tudo ali: o príncipe, os anões, a maçã envenenada, o espelho. Mas está de um jeito que ainda não tinha sido visto. O cinema pós-Senhor dos Anéis extrapolou a barreira dos 10 anos em termo de influência estética. Os efeitos estão mais reais do que nunca. E tudo está muito correto. Talvez correto demais.
A turma mais jovem pode ter a chance de apreciar o filme de um jeito mais puro, mais isento. E de quebra não vai ficar como eu, achando que em momento algum do filme existe alguém mais bela que Charlize Theron; seja neste filme ou em qualquer outro que ela tenha trabalhado, diga-se de passagem.

;-)

Recomendo que aprecie o filme com moderação, mantendo distância de comparações com outras obras que se servem da mesma fonte, como de obras que tem a mesma pegada estética.
O que não será uma tarefa fácil.

P.S. 1 - É muito difícil não entrar no assunto, que é meio óbvio e evidente, do universo psicanalítico que a história remete. Mas aí seria spoiler demais para um post que se prentende somente antecipar o resultado final de um empenho gigante do cinema industrial. E todos os elementos da psicanálise não são exclusivos desta adpatação, mas são fartamente encontradas em qualquer adpatação de conto de fadas.

P.S. 2 - Spoilers somente em outros blogues, por favor. ;-)

sexta-feira, 25 de maio de 2012

MIB 3


"Homens de Preto 3" ("MIB3" - 2012 - Barry Sonnenfeld)
É impossível analisar a obra-pipoca com o desprendimento que tanto me apraz. É fruto daquelas ações de comunicação intensa que faz com que a gente tenha dificuldade em não tomar conhecimento da história do filme.
Alheio a isso, é notório que filme entrega o que promete - o que não é pouco - e repara um erro grave quando produziram o MIB2, quando não se levaram a sério.

Ação/efeitos/humor/emoção - tá tudo ali.
E tem algo a mais.
Tem "um algo" a mais.
Algo destoa esta obra na anterior, de 10 anos atrás. E mesmo da primeira, 5 anos antes.

Em princípio está tudo amarrado nos filmes pregressos, nas inúmeras referências cinematográficas, nas piadas internas e - por que não? - nos filmes futuros.
Mas este hiato de 10 anos que separa as sequências dos agentes que trabalham na agência que cuida dos alienígenas na Terra revela, indiretamento, o quanto o cinema americano - o bom cinema americano da pipoca e do entretenimento - teve que sofrer financeiramente e se reaprender.
Arrisco afirmar que é por conta do crescimento de qualidade das produções televisivas, por conta do conteúdo narrativo e do alto nível de produção, facilitado pelas ótimas condições de pós-produção/efeitos especiais a baixo custo, claro.
E MIB3 também vem para isso: mostrar que contação de histórias COM dinheiro bem aplicado funciona igual a contação de história SEM dinheiro algum. O que é muito bom.
E MIB3 tem o algo a mais que todo filme atrevido deveria ter: uma história que transcende os personagens. Uma história movida por decisões de personagens, por sentimentos que se sobrepõem e se sujeitam, ao mesmo tempo, com a razão. Assim como é na "vida real".
Queria ler resenha/sinopse/spoiler? Vai encontrar por aí, sem dúvida alguma.
Eu me restrinjo a recomendar que se saia de casa, enfrente filas nas bilheterias e compre pipoca.
Afora toda a diversão, que é o que as quase duas horas do filme se pretendem, que se saia de casa, enfrente filas nas bilheterias, pois vale a pipoca, vale o ingresso, vale a histeria da criançada.
E vale até o tão desnecessário 3D - que aqui não atrapalha a história nem se sobrepõe à estética do filme.
E não se surpreenda se o filme te emocionar.
Eu me surpreendi!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Flores do Oriente



O melhor filme que eu vi em 2012 é de 2011.
Estamos no fim de maio, mas duvido que até o fim do ano eu veja uma obra tão completa como "Flores do Oriente" ("Jin líng shí san chai" - Yimou Zhang).
Me recuso a falar sobre o filme. Filmes como esse não cabem em indexação simplória.
Uma obra intensa em todos os sentidos, da construção da narrativa - apoiada em um livro, registro na primeira pessoa de uma história real - passando pelo elenco, trilha sonora, fotografia, cinematografia e à produção em si.
Tudo neste filme é impecável e intenso. Tudo é vivido. Tudo é vívido.
Eu poderia me estender por muitas e muitas palavras sobre o quanto este filme é forte. Mas correria o risco gigante de falar sobre eu, sobre você e sobre a condição humana. E isso poderia não ter fim.
Se puder, assista sem saber do que se trata - eu tenho tentado me dar esse prazer o máximo possível, tenho evitado trailers, resenhas, expectativas quaisquer. Tento resgatar uma sensação pura de descobrir a obra, para se descobrir nela.
Como na própria vida.
Muitas vezes a verdade é a última coisa que queremos ouvir. Mas ela precisa ser dita, nem que seja por último.
Taí! Viu? Continuo falando do filme enquanto falo de mim mesmo.
Ou seria o contrário?
Uma obra como essa deve ser vista no altar da sétima arte: a sala de cinema, pelo menos mais de uma vez. Não creio que tanta intensidade caiba na sala da minha casa, onde o mais intenso sou eu.
Saiba menos, viva mais.

terça-feira, 22 de maio de 2012

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Framoticons do Último Verão

Os sentimentos que os últimos 3 meses de minha vida construíram mais que um único frame + emoticon, renderiam bem mesmo uma arte sequencial.
Mas como faz parte da minha proposta ilustrar meus sentimentos temporais com frames de filmes, onde a circunstância em que o personagem está vivendo naquele momento, dentro da história, implica uma metáfora - algo muito mais pessoal do que arquetípico, ouso dizer - listo aqui, de forma cronológica, o que se passou no fim da última Primavera até esse meio de Verão.
Espero que o futuro post Framoticon seja algo mais luminoso, como um frame de Gandalf (o branco) ou mesmo algo não tão fantasioso, mais servil mesmo, como o improvável Seabiscuit à frente do Almirante.
Ansiedade e esperança.
Vamos aguardar.






Nota 1: entre desenganado Wesley e o Rockatanski traído eu iria inserir o Solo em forma de Carbonite, mas seria muito autopiedade, um sentimento que abandonei há algum tempo.

Nota 2: o frame para esse momento que eu escrevo este post é um híbrido de Brantley Foster e Cameron Frye - este após a cena da Ferrari atravessando a vidraça, diga-se de passagem.

Nota 3: falei demais, mas não cheguei às cinco mil palavras que os frames acima contam, onde todos os personagens estão de boca fechada, mas com suas mentes fervendo.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Momento Monólogo do Personagem

O seguinte monólogo é de um filme que não tem saído da minha cabeça nos últimos dias.
Um filme que está na minha vida há algumas décadas.

Traduzi direto do inglês, atropelando a dublagem e a legenda oficial.

Alguém é capaz de saber, de pronto, em qual filme e qual personagem canta essa poesia?

"O caminho do conhecimento não é em terra.
Em que direção estamos indo?
Ninguém sabe para onde estamos remando.
Ou para qual caminho o rio corre.
E está chovendo, está nevando.
Está um furacão soprando?"

(a partir daqui, o personagem começa a se exaltar e gritar)

"Nem um feixe de luz é mostrado.
Então o perigo deve estar aumentando.
São os fogos do inferno que estão incandescendo?
Está o ceifador grisalho colhendo?
SIM!
O perigo deve estar crescendo,
para que os remadores continuem remando!
E eles certamente não estão exibindo
quaisquer sinais de que estão indo devagar!
PAREM O BARCO!"