terça-feira, 2 de julho de 2013

Uma Continuação Que... Continua. Como uma vida que não para.


É incrível o prazer que eu posso ainda ter com um cinema simples, feito por gente madura, de realização enxuta e construção complexa – tá, deu para entender o porquê do meu prazer... Mas é que, após ter passado por uma série de filmes rasos, à excessão do quase-perturbador, excelente e incômodo O Lugar Onde Tudo Termina - The Place Beyond The Pines - EUA - 2012) e dos bons pero descartáveis (Em Transe - Trance - UK - 2013 e Terapia de Risco - Side Effects - EUA - 2013), me deparo com o terceiro filme de uma cinesséria que relata algumas horas da vida de um casal:



Antes da Meia-Noite (Before Midnight - EUA - 2013) é obra com gente interpretando gente de verdade, gente que não se encontra nas esquinas da vida, mas nas sombras das relações, entre meias-verdades ditas em meio a meios-sorrisos, em sujeitos presentes que estão com os olhos para o futuro mas com o verbo sendo dito no tempo passado.

O filme se movimenta como um organismo humano, de digestão precisa e reações químicas esperadas e surpreendentes.

É uma obra com o tamanho e a profundidade do homem.

Se revela de forma plena e sintética.

Se expande em direção a um horizonte inevitável e interminável.

Caminha no sentido que a vida se impõe.

Com os pés em movimento, onde um membro revela a pegada que deixou e o mesmo aponta o terreno que irá pisar - enquanto o outro membro todo o corpo sustenta.

É como ouvidos que nada filtram, e ainda separam a informação que é recebida, mandando metade do contexto para a mente, e a outra metade para o coração.

Antes da Meia-Noite é o que acontece entre o entardecer da juventude e o amanhecer da maturidade.

Um preâmbulo da longa noite da alma.

Com direito a todos os colapsos psicológicos pertinentes às resistências percebidas em indivíduos que relutam em mudar e não conseguem deixar de serem eles mesmos.

Tal qual eu.

Tal qual você.

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Indicado a: gente madura e sensível. Gente imatura e que ainda tem esperança em, quem sabe, um dia, viver e deixar viver.

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