domingo, 28 de julho de 2013

Quando o Transcriar Preciso é Imperfeito


Dentre os diversos tipos de suporte narrativos, os das chamadas “Sétima Arte” e “Nona Arte” são, disparados, os que mais me atraem.

Seguidos, à uma distância segura, da “Décima Arte”.

E bem distantes da “Segunda Arte” e da “Quarta Arte” – mea culpa.

Digo isso para poder explicar que transpor uma narrativa, de um suporte – ou “arte”, como queira – para outro é, por vezes, uma tarefa de transcriação, como diria Paulo Leminski. Uma tarefa que é uma arte em si – ainda sem categoria reconhecida.

Considerando que a forma de expressão, no caso de uma narrativa, pode banhar-se em seu suporte, fazendo com que as limitações e delimitações de dado suporte se envolvam plenamente desta narrativa, é visível, em casos extremos, da impossibilidade de se levar a mesma história – ipsis literis – para outro suporte, sem correr qualquer risco de perda ou da necessidade de reparação.

Ficar no meio do caminho – não se utilizar de toda a força narrativa que cada suporte pode propor – significa ficar a meio caminho da emoção.

Por mais perfeita que seja essa transcriação.

É o caso do exemplo máximo visto em Wolverine: Imortal (The Wolverine – EUA – 2013), um produto para deleite consumista, com áura de pretensão, e que é, efetivamente, um excelente caso de perfeita transcriação.


Uma obra correta, corretíssima, que coloca personagens e situações que vivem e sobrevivem segundo as regras pré-estabelicidas no universo X-menmarveliano. Uma obra que sobrevive por si só, à revelia das outras 5 obras que tiveram a participação do herói-nervo-exposto; uma obra que permite-se apreciar sem que fosse pré-requisito conhecer a gênese mitológia dos quadrinhos oitentistas de Frank Miller, semente da história.


Mas, como reflexo de se andar no caminho do meio-risco, é um filme que não te tira da poltrona do cinema. Te deixa ali, apreciando os 120 min do filme, sem te fazer esquecer que você está ali, enquanto o filme está lá.
É um jogo seguro, mercadologicamente falando, ter filmes assim na sala de cinema.
Mas fica a sensação de que, se ao empatar não se perde, também não se ganha – logo, se perde outras coisas, como tempo e oportunidade.

E, ao final de qualquer sentimento impressionista que se permite ter ao se deparar com narrativas, como sempre, a ineficiência emocional, que não sai da tela fica sob responsabilidade da falta de empatia junto aos dramas dos personagens.
Logo, irresponsabilidade do roteiro, este sim objeto mais relevante em qualquer demanda transcriativa.

Indicado a: fãs do personagem, curiosos e quem não entendeu o meu texto.

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