A necessidade de indexação a que estamos submetidos permite,
sempre, que algumas obras rompam, quebrem, deslumbrem e reinventem gêneros. Não
é difícil encontrar dramas que nos fazem rir, aventuras que nos assustam e
comédias que nos levam às lágrimas.
Mas para que isso aconteça é preciso contar que a mão do artista se imponha sobre o
tronco gelado da indústria.
Procurando ser generoso, colocarei O Cavaleiro Solitário
(The Lone Ranger – EUA – 2013) na estante de filmes Fantasia, tentando favorecê-lo
como obra menor ao lado de pérolas como O Barão de Munschausen”, As Sete
Faces do Dr. Lao (valeu, generoso Neri) e Os 5.000 Dedos do Dr. T.
Mas, diferente destas, o universo concebido para ambientar
as desventuras deste icônico personagem é disforme. Toda uma aventura original
cai quando se desfila uma série de clichês do subgênero aventura faroeste.
Todo
um filme de clichês cai quando se desfila uma série de piadas internas, com
momentos-paródia. E nem isso se sustenta quando o nonsense é questionado por
uma criança de 10 anos a um índio velho, e enquanto este polvilha migalhas para um pássaro
morto, dá às costas para a criança e, por consequência, faz o mesmo com o público.
Claro que, no conforto da poltrona, fica fácil resolver
problemas que centenas de profissionais (muito bem) pagos tentaram durante
meses, e não conseguiram.
Sei que, futuramente, verei um fanedit recut dessa peça de
Gore Verbinski.
Eu mesmo faria duas obras distintas: uma constando todo o humor
explícito da obra, excluindo o restante da trama; e outra excluindo todo este humor, fazendo uma lipo do restante da obra.
Mas ambas as versões não teriam o velho Tonto, certamente.
O Cavaleiro Solitário é um filme tonto, feito por tonto, para
o Tonto.
Solitário mas não sozinho na busca pelo dinheiro
aparentemente fácil que o entretenimento caro parece gerar e devorar.
Indicado a: quem quer ver Jack Sparrow fantasiado de índio e
quem não sentiu vergonha alheia em Indiana Jones e a Caveira de Cristal.
Para saber tudo: http://www.imdb.com/title/tt1210819
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