segunda-feira, 6 de junho de 2011

Terra, Fogo, Água e Ar

As maiores críticas que faço aos críticos são pessoais, e não cinematográficas - na maioria das vezes. Como é do meu feitio, desprezo quem critica, desgosta ou depõe contra sem que se coloque na mesa uma contraproposta, uma moeda de troca - não sendo assim, diria que daí o melhor é o silêncio. Como bom curitibano, quando saio de perto de uma obra que não admiro, não saio vaiando - saio calado. Por muito tempo fiquei num silêncio sobre o assunto, já que estava sem uma solução para o "como criticar". E agora me vejo aqui, pronto para expor à minha luz a obra alheia. Como sem estresse a ostra não produz pérola, desenvolvi um formato, um gabarito, para que se faça devidamente uma "estrutura crítica". Chamarei-a de "Crítica sob os olhares da Terra, do Fogo, da Água e do Ar. Sob cada aspecto, uma abordagem específica. Além da pretensa poesia, dá pra ver de cara que fica até mais fácil, definidas as regras, seguir o jogo:

• TERRA será tudo o que diz respeito à PRODUÇÃO em si - sim, microfones em cena são erros e aquele plano-sequência de Festim Diabólico foi duca. Se a Good Machine afirma que "estética é orçamento", sigo sob a luz desse prisma as resoluções. Salve John Carpenter e Peter Jackson!

• FOGO é o filme em seu tempo. Então poderemos afirmar que "Os Pássaros" tem efeitos especiais muito melhores que "O Motoqueiro Fantasma", e que sons de explosões no vácuo são bem-vindas em ficções científicas PRÉ-anos 80. Cinema mudo ainda tem seu espaço - mas com outras linguagens; e "Casablanca" nunca mais será filmado daquele jeito - em que tudo que pese.

• ÁGUA é a razão do filme existir: sua história, sua ideia, sua premissa, seu roteiro, sua razão de ser - e daí um equipamentos e equipe técnica em cena e sons no vácuo não importa. A diegése é entendida e respeitada - desde que se respeite. Rosebud é um pecado venal, mas podemos conceder um perdão gigante como a presença banhuda de Brando em Apocalypse Now - ela acresenta valor à obra. As metáforas estão na ÀGUA - renovando as velhas 12 histórias de sempre.

• Finalmente, AR, o elemento mais frágil, mais fugaz, mais pessoal. Onde me permito afirmar: Jackie Chan é bompracaraio e Woody Allen merece meu respeito - mas não meu apraz.

São regras autoimpostas, mas deixarei à vontade quem quiser desenvolver e me apresentar outros gabaritos.

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