quinta-feira, 30 de junho de 2011

Rota Suicida (The Gauntlet - EUA - 1977)

SINOPSE: um policial decadente, alcoólatra, precisa transportar uma testemunha para um tribunal. No meio do caminho, muitos oficiais não estão dispostos a favorecer esse simples trabalho.

Se tivesse que dar um nome para a produtora desse filme, a chamaria de "Peneira Filmes", pois nunca vi um filme com tanto buraco de bala.


TERRA: 3 cenas pontuam claramente esse conceito, onde um carro, uma casa e um ônibus aumentam consideravelmente de peso por conta do acréscimo de chumbo. Difícil imaginar o trampo de efeitos especiais que tiveram que fazer na época, sem nenhum computadorzinho pra ajudar. Até tentei, por cinco segundos, contar a quantidade de furos (policiais x armas x munição = número de tiros). Um road-movie que cresce em produção à medida que a história avança. Vamos lá, nem tudo é crível como os buracos de bala nesse filme: fogo cruzado sem feridos e oportunidades perdidas por personagens ao longo da história são falhas crassas, mas devidamente acobertadas pela força das imagens nas cenas de ação.

FOGO: Eastwood faz uma obra singular, imersa no universo policial - sim, poderia ser um "Dirty Harry Vira Alcoólatra E Entra Na Maior Das Roubadas" - que ele tanto gosta e, como seu mestre Don Siegel, faz uma obra densa, com assinatura. Está aqui a repulsa pelo escalão policial, o desdém por motoqueiros hippongos, e bordão - ele já tinha utilizado o "make my day" e depois viria com o "Clyde, à direita"; aqui ele usa um mau-humorado "blá, blá, blá" ("nag, nag, nag")
Sondra Locke nunca esteve tão bem em seu papel de prostituta, e de sobra convence pelo amor que passa a nutrir por um policial durão, em menos de vinte e quatro horas. Isso é resultado de um roteiro que justifica os atos dos personagens.
Já deve ter visto esse filme com outro nome: 16 Quadras (16 Blocks - EUA - 2006).

ÁGUA: segundo os estudos de Joseph Campbell, quando o herói recebe o "chamado da aventura" ele imediatamente está sobre uma encruzilhada: ou aceita, ou rejeita. E a opção aceita vai ditar sob que condições o herói estará. E quando ele aceita a roubada - como nessa história - ele é imbuído de toda força e ajuda necessária para realizar a tarefa. Com uma única condição: ele não pode sair do caminho reto que se propôs. E é o caminho sinuoso que o personagem de Eastwood - Ben Shockley - transita que o leva para toda a dor, sofrimento e perdas que vai tendo ao longo do caminho. Um caminho progessivo.
E a outra condição para o herói é: não peça ajuda. Só ele pode fazer o caminho - quem entrar junto, se perde. Para sempre.
Tá tudo dentro dessa obra. Como acredito na incompletude de um filme - cada um trabalha poucos aspectos da trajetória do herói - esse é um exemplo desse aspecto.

AR: um dos raros filmes de Clint Eastwood que ainda não tinha visto, até esse mês. Uma obra que é um constante "crescendo", com os devidos "respiros humorísticos".
É Eastwood fazendo o que faz de melhor. É mais do mesmo. E é ótimo.

Curiosidade: para entender o nome original do filme, saiba que a expressão "running the gauntlet" em inglês significa o termo brasileiro "atravessando o corredor polonês". Será esse o título em Portugal?

Todos os detalhes, aqui: http://www.imdb.com/title/tt0076070/

segunda-feira, 20 de junho de 2011

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Estrela Menor do Dia

"Já vi esse cara antes - só não lembro onde, nem quando, nem o que fazia" - talvez você diga isso. Ou talvez seja cinéfilo como eu.


Quase anônimos, quase famosos, muitos artistas que vivem de suas imagens passam pela história do cinema pelas beiradas.

Stellan Skarsgård é um deles.

Sim, o nome não ajuda (mas Schwarzenegger também não, né?) - mas a sua "lata", meio eslava, meio comum demais, é o seu ponto forte/fraco. Sua atuação, sempre firme e presente, permitiu que esse sueco atuasse em mais de 100 produções, a maioria em língua inglesa. Ganhou vários prêmios em sua carreira de mais de 40 anos, incluindo um Urso de Prata em Berlim, e o de melhor ator no Mar Del Plata Film Festival e no Screen Actors Guild Awards. Suas atuações mais "populares" podemos conferir em "A Insustentável Leveza do Ser", "A Caçada ao Outubro Vermelho", "Gênio Indomável", "Ronin" (onde me tornei um seguidor de seus trabalhos), "Dogville", "Exorcista - O Início", "Rei Arthur", "Piratas do Caribe - O Baú da Morte", "Anjos e Demônios" e "Thor". Não vou dizer que ele trabalhou em "Mamma Mia" :P

Entre tantos, um detalhe curioso: Stellan trabalhou no prequel de "O Exorcista" (chamado de "O Exorcista - O Início") no papel do jovem Padre Merrin, que havia sido interpretado no original por Max Von Sydow. Stellan tinha 54 anos quando interpretou o "jovem" exorcista. Sydow tinha 44, quando o fez velho. E o prequel remete a história 10 anos ANTES no tempo. Faça as contas e veja com que velocidade as pessoas envelhecem hoje em dia...

O geminiano hoje completa 60 anos.

Todos os detalhes: http://www.imdb.com/name/nm0001745

Uma amostra do sistema solar dessa estrela menor: http://www.youtube.com/watch?v=9o-D7YmZ0rk&

sábado, 11 de junho de 2011

sexta-feira, 10 de junho de 2011

quarta-feira, 8 de junho de 2011

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Terra, Fogo, Água e Ar

As maiores críticas que faço aos críticos são pessoais, e não cinematográficas - na maioria das vezes. Como é do meu feitio, desprezo quem critica, desgosta ou depõe contra sem que se coloque na mesa uma contraproposta, uma moeda de troca - não sendo assim, diria que daí o melhor é o silêncio. Como bom curitibano, quando saio de perto de uma obra que não admiro, não saio vaiando - saio calado. Por muito tempo fiquei num silêncio sobre o assunto, já que estava sem uma solução para o "como criticar". E agora me vejo aqui, pronto para expor à minha luz a obra alheia. Como sem estresse a ostra não produz pérola, desenvolvi um formato, um gabarito, para que se faça devidamente uma "estrutura crítica". Chamarei-a de "Crítica sob os olhares da Terra, do Fogo, da Água e do Ar. Sob cada aspecto, uma abordagem específica. Além da pretensa poesia, dá pra ver de cara que fica até mais fácil, definidas as regras, seguir o jogo:

• TERRA será tudo o que diz respeito à PRODUÇÃO em si - sim, microfones em cena são erros e aquele plano-sequência de Festim Diabólico foi duca. Se a Good Machine afirma que "estética é orçamento", sigo sob a luz desse prisma as resoluções. Salve John Carpenter e Peter Jackson!

• FOGO é o filme em seu tempo. Então poderemos afirmar que "Os Pássaros" tem efeitos especiais muito melhores que "O Motoqueiro Fantasma", e que sons de explosões no vácuo são bem-vindas em ficções científicas PRÉ-anos 80. Cinema mudo ainda tem seu espaço - mas com outras linguagens; e "Casablanca" nunca mais será filmado daquele jeito - em que tudo que pese.

• ÁGUA é a razão do filme existir: sua história, sua ideia, sua premissa, seu roteiro, sua razão de ser - e daí um equipamentos e equipe técnica em cena e sons no vácuo não importa. A diegése é entendida e respeitada - desde que se respeite. Rosebud é um pecado venal, mas podemos conceder um perdão gigante como a presença banhuda de Brando em Apocalypse Now - ela acresenta valor à obra. As metáforas estão na ÀGUA - renovando as velhas 12 histórias de sempre.

• Finalmente, AR, o elemento mais frágil, mais fugaz, mais pessoal. Onde me permito afirmar: Jackie Chan é bompracaraio e Woody Allen merece meu respeito - mas não meu apraz.

São regras autoimpostas, mas deixarei à vontade quem quiser desenvolver e me apresentar outros gabaritos.

Framoticon do dia

Com a sensação de um frame inicio minhas postagens nesse blog. Após um longo hiato e uma incômoda insegurança, um zelo ansioso, começo meu parecer sobre obras em movimento, sonoras ou silenciosas, artísticas e comerciais. Mas todas com uma impressão pessoal, totalmente desapropriadas de seus criadores. Boa leitura.