Dentre os diversos serviços que a arte se presta, levar a
relexão para além da obra é o maior desafio.
Quando se fala em entretenimento, nem sempre/quase nunca se
busca/se encontra algo além do descartável.
E quando o produto é fílmico, o desafio é maior, pois nenhum produto mercadológico corre tantos riscos financeiros quanto o da indústria audio-visual direcionada às massas.
Mas a pergunta é: quando uma obra descartável que se presta nos leva a alguma
reflexão, dá para dizer que assumiu o status de arte?
Essa questão, para mim, não passa de uma brincadeira de
raciocínio mas, ponderando bem, está além da retórica, pois quando o entretenimento nos
enleva para além, acidental ou intencionalmente, ele caminha em paralelo com a arte – mas com uma desvantagem sobre este ponto, pois largou de uma
distância muito mais além, e tem um espectro de alcance necessariamente quantitativo.
Obras assim, fílmicas ou não, são raras e de valor incalculável, pois o
desprendimento de quem está do “lado de lá”, o lado de quem produz, é de se admirar,
pois tangencia o “obejtivo fácil” de uma obra descartável, que é de agradar o
maior número de pessoas pelo maior tempo possível. Ao mesmo tempo ocorre aqui a permissão do atrevimento autoral que a arte tanto depende, vestidos de uma estética
que a obra tanto necessita.
Percebo que minha prateleira está carente de filmes assim. E não
são poucos.
Me aproveitei de um mero filme, descartável como qualquer
outro; aprazível como poucos nos eternos tempos contemporâneos; composto de
diversos valores, como raros; para elaborar este raciocínio.
Para minha própria
e grata surpresa.
O Lado Bom da Vida (Silver Linings Playbook – EUA – 2012)
Veja, viva, sorria, chore, se entregue, não desista.
Para saber tudo: imdb.com/title/tt1045658